O pornógrafo brasileiro Há 26 anos José Mojica Marins, o Zé do Caixão, inaugurava a produção pornográfica no país com 24 horas de Sexo Explícito. gplus
   

O pornógrafo brasileiro

Há 26 anos José Mojica Marins, o Zé do Caixão, inaugurava a produção pornográfica no país com 24 horas de Sexo Explícito.

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Assista ao vídeo com o José Mojica falando sobre a origem do personagem, drogas e pornografia!
 
Quem nasceu nos anos 80 ainda se lembra daquela figura estranha e aterrorizante que aparecia nos programas televisivos da época vestindo uma longa capa preta e cartola. Sua espessa barba negra e suas unhas enormes provocavam a imaginação do público e, principalmente, a crítica ácida da imprensa. 

Hoje, aos 75 anos, o cineasta José Mojica Marins, mais conhecido como o agente funerário Zé do Caixão, personagem que atuou em seu filme À Meia-Noite Levarei sua alma, parece bem menos assustador.  Não devemos nos deixar enganar por sua barba grisalha e seu lento caminhar, pois Mojica continua com a crítica afiada e soltou o verbo para o AreaH sobre o cinema brasileiro e contou detalhes sobre a produção do primeiro filme pornô do Brasil.

"Tudo começou quando um amigo pediu minha ajuda para produzir um filme sobre sexo. Acabei fazendo tudo", revela Mojica. No filme 24 horas de Sexo Explícito, três atores fazem uma aposta para ver quem consegue transar com mais mulheres num período de 24 horas. "O 24 horas foi uma das fitas mais rápidas que eu fiz. Fui para a praia e levei as meninas, sendo que algumas peguei lá mesmo. Isso tudo levou no máximo uma semana", explica o cineasta.

Além de ser referência no universo da pornografia, o filme também foi o primeiro a apresentar cenas de bestialimos, onde uma mulher transa com um boi. Porém, Mojica diz jamais ter se abalado com as críticas da imprensa sobre seus filmes, e decidiu mais uma vez arriscar e provocar o público.

O elenco de 24 horas era composto de mulheres pouco atraentes, muitas delas selecionadas na Boca do Lixo pelo cineasta, que parece ter usado o fato de forma estratégica. "Eu acho que o brasileiro é muito tarado e, como milhares de meninas se candidataram, escolhi as mais feias", brinca Mojica, que diz separar muito bem a arte da pornografia. 

Um dos desafios mais frequentes enfrentados pelo pornógrafo brasileiro durante as gravações de 24 horas, filmado em 1963, foi fazer com que os atores retardassem a ejaculação. "Eu deixava as atrizes masturbá-los para que não gozassem em cena", comenta ele.

O cineasta paulistano, que passou 35 anos deixando suas unhas crescerem livremente, razão pela qual perdeu alguns dos movimentos das mãos, passou sua infância dentro do cinema em que seu pai trabalhava na Vila Mariana. Para Mojica, a pornografia virou prostituição banal, e ele desabafa ainda que o filme 24 Horas de Sexo Explícito não foi produzido a partir de um viés cômico. A falta de estrutura e os excessos dos atores atualmente transformaram o filme num ícone da cultura cult.

Mojica declarou também que só voltará a produzir filmes pornográficos se houver a possibilidade de apresentar sua perspectiva pessoal em relação ao sexo. "Atriz é atriz, não é puta", defende o pioneiro do terror no Brasil.