Misturar doce com bebida é uma tarefa complicada, pois nem sempre agrada a todos. Embora haja mercado, nunca conheci alguém que realmente gostasse de um bombom recheado de licor, uísque ou vodka. Talvez a bebida deva sempre prevalecer para a receita dar certo, caso contrário, as batidas jamais teriam feito sucesso, principalmente entre as mulheres.
Enquanto milhões de homens em todo o mundo se esquivam da sobremesa para dar andamento à bebedeira, uma estudante britânica decidiu arregaçar as mangas e jogar a cerveja no congelador. Ao perceber que o consumo de sorvete geralmente é menor entre os homens que entre as mulheres, Anna Lowden, 21, desenvolveu uma massa a partir de cervejas amargas, o que foi comemorado com louvor pela imprensa internacional.
Porém, a ideia mal pegou e já é difícil definir sua origem. Na virada do século, a empresa norte-americana Brewer’s Cow começou a produzir não apenas um mero sorvete de cerveja, mas um daqueles bem cremosos e não totalmente congelado, contando com 16% de manteiga e a tradicional cerveja Guinness. Incluindo variedades como Stouts, Bocks e Dark Ales, a novidade rapidamente se espalhou pelos pubs irlandeses e restaurantes de luxo na Europa e nos EUA.
Com isso, a sobremesa, que antes seduzia mais o paladar da criançada, agora também promete cativar os adultos. Oferecendo sorvetes com cerveja infundida de primeira qualdiade e diferentes fermentações, como Sam Adams, Ten Penny Ale e Thomas Hooker Stout, o docinho modesto da Brew’s Cow sai atualmente por US$ 67 sem frete. A receita é guardada a sete chaves.
Embora a companhia tenha informado ao AreaH que ainda não lançou a delícia no Brasil, alguns empreendedores já estão de olho na novidade, e quem mora em São Paulo não precisa ficar lambendo os beiços. O antenado chef australiano Greigor Caisley, que comanda o Drake´s Bar & Deck no bairro de Pinheiros, oferece o sorvete de cerveja a seus fregueses a partir de uma receita parecida com a da Brewer’s Cow.
Pois então, agora ficou mais fácil tomar um trago depois do almoço sem ninguém desconfiar, certo? Errado! De acordo com a empresa, o álcool da cerveja é perdido durante o processo de produção - o que ela garante não alterar o sabor. Atualmente, o sorvete é vendido em pacotes de 6 a 12 unidades, fazendo uma alusão à forma como a bebida é costumeiramente vendida na América do Norte.
A degustação inicial traz a doçura de um sorvete de qualidade, exceto pelo gosto inconfundível e suave da cerveja amarga, com toque de lúpulo queimado e características de malte no final. Mesmo não agradando os beberrões inveterados, sem dúvida, o maior desafio é resistir à tentação.