In Vino Veritas É possível escolher um vinho pelo rótulo? Como comprar uma boa bebida a um preço justo? Aprenda com os enólogos. gplus
   

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É possível escolher um vinho pelo rótulo? Como comprar uma boa bebida a um preço justo? Aprenda com os enólogos.

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A história da fermentação alcoólica dos açucares presentes na uva se confunde com a figura mitológica de Dionísio, deus grego que simbolizava os ciclos vitais, as festas e o vinho. Criado em torno de 6.000 a.C, a bebida era utilizada nos cultos dionisíacos para induzir transes que erradicavam as inibições, mais ou menos o que você pretende no primeiro encontro, não é mesmo?

Quem nunca viu no cinema ou em restaurantes aquela cena consagrada em que o garçom abre a garrafa de vinho para o cliente experimentar um gole e a bebida sempre é aprovada? É difícil acreditar que diante de centenas de opções e gostos, o garçom sempre acerta, mas apesar do ar teatral  este momento pode realmente ser decisivo.

Conversamos com o enólogo Christian Bernardi, presidente da Associação Brasileira de Enologia para saber quais são os critérios que devem ser levados em conta na escolha de um bom vinho para uma ocasião especial.

RÓTULO
O rótulo é a apresentação do vinho na garrafa, e as informações que ele traz são importantes para checar a procedência do produto. Através dele, conhecemos o elaborador ou a marca, além da região produtora e da "tipologia" da bebida: branco, tinto, seco, espumante, demi-sec, brut ou suave. "Eventualmente pode-se verificar a variedade da uva e também da safra", recomenda Bernardi.

PREÇO
Segundo Bernardi, só é possível escolher um bom vinho a preço justo no Brasil provando a bebida. "O consumidor, conforme seu poder de compra, deve balizar uma faixa de preço. Dentro dessa faixa de preço ele deve ir provando diferentes marcas, tipos e variedades até encontrar um grupo de vinhos que satisfaça seu paladar. Não existe uma regra para isso!", salienta o enólogo.

UVAS
As empresas e vinícolas costumam eleger algumas variedades da fruta que "melhor expressam o estilo da região". Dentre os tipos de uvas mais utilizados pela indústria, Bernardi destaca a Chardonnay, Riesling Itálico, Sauvignon Blanc, Moscato, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannay e a Pinot Noir. Porém, ele alerta que "cada região produtora do Brasil e do mundo tem seu perfil e irá atender diferentes públicos", portanto "não há melhor ou pior".

ROLHA
Acima de tudo a rolha deve cumprir a função de vedar a garrafa. Neste processo sutil, "a tradição diz que a rolha de cortiça é a melhor alternativa, porém vêm surgindo novas tecnologias de vedação da garrafa que podem ter sucesso", explica Bernardi. No entanto, tudo depende do tipo de vinho e do propósito comercial que este tem. A rolha não deve deixar gosto no vinho nem possuir orifícios que permitam vazamento. 

 ENCONTRO A DOIS
O melhor vinho é aquele que satisfaz o paladar de terminada pessoa, que não necessariamente pode agradar a outra. Por isso, num encontro a dois deve-se buscar um vinho que satisfaça, mesmo que não totalmente, o casal. "Se um gosta de vinho tinto seco e o par gosta de vinhos branco suave, vai ficar muito difícil chegar a um acordo. Neste caso, normalmente o homem cede!", sugere o enólogo.

Para aqueles que não entendem nada de vinhos mas pretendem serví-los mesmo assim, o presidente da ABE recomenda a busca de auxílio para não cometer "erros muito grandes". "Ou a pessoa busca informações e prova muitos vinhos para encontrar um ponto de equilíbrio, ou confia a escolha a pessoas que possuam este conhecimento. Um mesmo vinho pode parecer extraordinário ou desagradável pelo simples fato de ser servido no momento inadequado ou nas condições impróprias. Se não houver alguns cuidados básicos na escolha e no serviço, o vinho passa a ser uma simples bebida alcoólica e deixa de oferecer todos benefícios que fazem dele a bebida dos deuses", conclui Bernardi.