Hoje, o povo viking é lembrado pela brutalidade e selvageria empregada em suas expedições de conquista e inúmeras batalhas travadas pelo domínio de territórios na Europa. Apesar disso, a presença da figura do guerreiro viking no imaginário masculino é carregada de conceitos como coragem, bravura, ambição, determinação e força - enfim, tudo o que o homem moderno sonha ter ou ser. Talvez daí venha nosso interesse por filmes, livros e até mesmo séries que abordam sua vida, aventuras e conquistas.
VEJA TAMBÉM
Produzida pelo canal History e inspirada em lendas reais, a série 'Vikings' conta a história de ascensão de Ragnar Lothbrok, um dos mais conhecidos heróis nórdicos, desde seus dias como um simples fazendeiro que almejava conquistar terras além-mar até seu reinado como rei da Escandinávia. Exibida desde 2013, a série é hoje uma das mais assistidas e aclamadas tanto pelo público quanto pela crítica, ainda que não alcance 'Game of Thrones' em termos de número de fãs.
Seja você um fã irrecuperável de 'Vikings' ou alguém que está apenas cogitando assistir a série pela primeira vez - o que você deveria fazer o quanto antes -, confira algumas lições de vida e ensinamentos que todo homem pode aprender com a série.
*ATENÇÃO: O texto contém spoilers. Leia por própria conta e risco*
Logo no comecinho da série, Ragnar não passa de um simples fazendeiro que vive com a esposa, a corajosa e belíssima escudeira Lagertha, e os dois filhos. O personagem, porém, ambiciona fazer o que nenhum outro viking tivera os meios ou a audácia de fazer antes: explorar as terras desconhecidas além-mar. Desacreditado pela maioria, inclusive pelo líder de seu povo, Ragnar conta apenas com a ajuda do irmão, Rollo, e de seu amigo construtor Floki. Logo, o guerreiro prova ser capaz de realizar o feito, conquistando o respeito e o reconhecimento de todos que antes haviam duvidado dele
Uma das maiores frustrações de quem assistiu a série até o momento foram as seguidas tentativas do viking Rollo de sair da sombra de seu irmão mais novo, Ragnar. Motivado pela inveja - afinal, Rollo nutria uma paixão não correspondida por Lagertha, esposa de Ragnar -, o grandalhão agarrou a primeira oportunidade que teve e traiu o irmão, unindo-se a um guerreiro inimigo e lutando contra seus antigos aliados em uma das mais sangrentas e brutais batalhas que os fãs da série havia visto até então. Ao final, tudo se resolve aos trancos e barrancos: Ragnar decide perdoar Rollo e aceita o irmão de volta, mas a confiança plena jamais é restituída.
Durante todo o decorrer da série, não são poucas as vezes que Ragnar, Lagertha ou outro entre os tantos personagens que compõem a narrativa encontram-se em situações difíceis em que as expectativas de vida são drasticamente reduzidas. Nessas horas, parece que apenas a intervenção do próprio Odin é capaz de salvá-los e nos poupar de assistir à morte de um personagem querido. A ajuda, porém, costuma vir de um lugar bem mais próximo: dos amigos, familiares e aliados. Não à toa, os vikings quase sempre procuram unir o maior número de aliados possível antes de uma invasão. Afinal, nunca se sabe quando será necessário aquela mãozinha.
Depois de muitas batalhas, traições e derramamento de sangue como só os vikings são capazes de fazer, Ragnar conquista o trono de Kattegat e, mais tarde, de toda a Escandinávia. A "coroa", porém, mostra-se pesada demais sobre o ex-fazendeiro, que mostra-se mais interessado em acumular conquistas em saques e batalhas do que realmente governar seu povo. Após ser derrotado em uma batalha durante a tentativa de invadir Paris uma segunda vez, Ragnar abandona seu reinado e desaparece por anos, deixando seu povo, sua família e seus aliados sem um líder para seguir.
Em momento algum da série Ragnar ou qualquer outro líder viking é visto longe de uma batalha. Muito pelo contrário: armados de seus machados e coragem de dar inveja em qualquer homem, eles se posicionam na linha de frente de seus exércitos, ao lado de seus soldados, filhos e até mesmo esposas. Essa atitude admirável refletia a crença nórdica de que apenas com uma morte honrosa durante uma batalha, os vikings poderiam entrar em Valhala, o equivalente ao Paraíso em sua religião. Os reis europeus que não compartilhavam dessa crença, por outro lado, apenas enviavam seus exércitos para as batalhas e preferiam a segurança de seus castelos e muralhas - nada muito diferente do que acontece hoje em dia.
Talvez uma das maiores lições que os homens modernos podem aprender ao assistirem 'Vikings' é a maneira com que as mulheres são tratadas, sejam elas esposas, namoradas, mães, sogras, tias, filhas etc. Ainda que a história seja ambientada no século XIII, são vários os exemplos que demonstram que a sociedade viking praticava a igualdade de gêneros muito antes do termo ter sido inventado. Na série, a esposa de Ragnar, Lagertha, é uma escudeira forte, que luta lado a lado com os homens em batalhas sangrentas. Respeitada e admirada, Lagertha é apenas uma das várias mulheres que exercem essa função, chegando até mesmo a comandar seu próprio exército mais para frente no seriado.
As mortes em 'Vikings' não são poucas ou muito menos pacíficas. Elas acontecem principalmente durante batalhas brutais, em que homens e mulheres são feridos por espadas, machados e flechas. Porém, a forma como os temidos guerreiros vikings compreendem e até mesmo aceitam a morte é algo a ser emulado. Ao contrário de muitos de nós, que tememos o momento do último suspiro e fazemos de tudo para que ele demore a acontecer, os vikings encaram a morte - principalmente quando ela acontece em batalha, como citado anteriormente - de maneira natural. Com a incerteza de quando ou como ela acontece, eles tratam de conquistar o máximo de glórias quanto for possível, arriscando-se sem medo, divertindo-se sem limites, vivendo ao máximo tudo o que a vida tem a oferecer.
Sobre Luis Carvalho
Nerd full time, viciado em literatura, HQs, games, filmes e séries, descobriu o amor pelo jornalismo ao perceber que não sabia fazer contas.
[+] Artigos de Luis Carvalho
Nerd full time, viciado em literatura, HQs, games, filmes e séries, descobriu o amor pelo jornalismo ao perceber que não sabia fazer contas.
[+] Artigos de Luis Carvalho