A legalização dos jogos de azar vem sendo tema "quente" em Brasília. Tentando contrariar a tradição de muitas décadas que ainda se vive na sociedade brasileira, sobre o jeito de encarar os jogos de azar, é debatido um projeto de lei para descriminalizar as atividades de cassinos, salas de bingo e até do jogo do bicho.

O ponto principal é a criação da figura do "cassino resort", um estabelecimento de grandes dimensões e vocação turística, com um limite máximo de três em cada estado. A indústria do turismo está fazendo pressão, pois sente a possibilidade de mais receita e criação de empregos.

Na teoria, parece estar tudo pronto, mas na prática o processo está empacado, tal como já aconteceu no passado. A bancada evangélica não pega leve quando o assunto é cassino, e sente o apoio do eleitorado na questão. Uma enquete recente apontou que a sociedade brasileira está dividida meio a meio sobre a questão de legalizar ou não os cassinos. Não tem qualquer consenso, e em ano de eleições o presidente Temer - que se diz ser favorável à medida - não vai querer apostar essa ficha. 

A parte mais cômica de toda essa situação é que quem quiser jogar em um cassino e ganhar prêmios de verdade só precisa tirar seu smartphone do bolso. A internet trouxe uma variedade de cassinos online, e a indústria já teve tempo de ficar madura e de identificar algumas grandes marcas de plataformas renomadas e confiáveis. Para isso, tiveram ajuda de países que criaram leis e mecanismos para proteger quem trabalha de forma séria e, no caminho, proteger também os usuários - como é o caso de Malta, na União Europeia. 

Qualquer brasileiro pode acessar um cassino online através do computador ou celular, precisa apenas de uma conexão à Internet. O ato nada tem de ilegal, pois a aposta é registrada em outro país, tal como se estivesse jogando em Las Vegas ou Punta del Este.

Um sinal importante veio do jornal Globo. Em um editorial recente, o jornal manifestou oficialmente e de forma bem clara sua mudança de opinião sobre o tema. Os argumentos são bem simples: o Brasil está na contramão dessa indústria sem que consiga resolver os problemas do jogo ilegal, enquanto em outros países os cassinos são uma indústria regulada como outra qualquer, com mecanismos de segurança que evitam que seja causa dos problemas sociais que a "turma evangélica" vem reclamando. É preciso trazer a indústria para a "luz do  dia" para que os criminosos sejam bem visíveis.