Desde que explodiu com a música Fogo e Paixão em 1988, Wando é assediado até hoje pelas mulheres. Enquanto Roberto Carlos joga rosas à plateia durante seus shows, Wando continua recenbedo calcinhas de suas fãs apaixonadas e enlouquecidas. "Algumas são mais discretas e me entregam no final do show", comenta o cantor que, mesmo aos 66 anos e assumidamente fora de forma, mantém a pose de trovador latino.
Nascido no pequeno arraial mineiro de Bom Jardim, próxima à cidade Cajuri, Wanderley Alves dos Reis, apelidado por sua avó de Wando, teve seu primeiro contato com a música através de seu pai, que tocava violão erudito. Mudou-se para Juiz de Fora por volta dos vinte anos para estudar violão clássico, onde tocava em bailes e trabalhou como feirante e caminhoneiro mesmo sem ter carteira de habilitação. "Naquela época as coisas eram diferentes", brinca ele.
Porém, o cantor abandonou a música erudita porque desde cedo já sabia que seu talento atrairia a mulherada. "O violão clássico é muito bonito e te dá toda a base para saber tocar bem, mas ele não faz sucesso com as mulheres", comenta ele. Arriscando tudo, Wando trouxe seu violão a São Paulo, onde morou em hotéis baratos e frequentou restaurantes populares até ser descoberto por Jair Rodrigues. "Em 1974, mostrei ao Jair minha primeira música, O importante é ser fevereiro. Ele ficou apaixonado e gravou a canção no mesmo dia, e dois meses depois eu era sucesso no Carnaval", comenta Wando com entusiasmo.
Wando começou a distribuir calcinhas durante os shows de lançamento do álbum Tenda dos Prazeres, em 1990. Depois de 25 álbuns e incontáveis shows pelo Brasil, Wando coleciona calcinhas e declara ter baús lotados de peças femininas de todas as formas, cores e tamanhos. "Muitas calcinhas chegam ainda quentinhas no palco", revela Wando com seu ar de Lou Reed tupiniquim e um sorriso galante. Os curiosos que aguardem, pois o cantor pretende usá-las como cenário de seus shows em breve.
O artista mineiro comenta que o público gay também joga cuecas no palco e que, embora seja hetero convicto, leva a brincadeira numa boa. Entre as milhares de senhoras que frequentam seus shows, Wando afirma que os jovens estão aparecendo cada vez mais em suas apresentações. "Além das músicas de amor, acho que as mulheres se identificam bastante com a forma carinhosa e respeitosa que as trato, e suas filhas acabam vindo para entender o gosto das mães", sugere o cantor.
Wando assume que sua canção mais famosa, Fogo e Paixão, foi composta para uma de suas ex-mulheres, e desabafa que na época sua gravadora não gostou da ideia. "Naquele tempo todo mundo queria vender era o rock brasileiro", lembra ele. Sem grandes preocupações quanto ao gênero de seu som, o cantor reconhece que a palavra brega hoje em dia signifca aquilo que é de "mau gosto".
"Havia uma boate em Salvador que se chamava Bar do Nobrega. Aí alguém apagou as letras N e O do letreiro de neon e ficou 'Bar do Brega'. Os artistas que faziam o trabalho de divulgação no rádio acabavam passando por essa boate, e aí ficou associado o tipo do som que eles faziam com esse nome, ou seja, eram músicas de homens que sofriam pelas mulheres", explica um dos ícones da música romântica brasileira.
Depois de três casamentos, Wando está há cinco anos com Renata, sua atual esposa, com quem teve sua filha Maria Sabrina. A garotinha de cabelos encaracolados, cuja idade é a mesma de seu casamento, não nega a herança artística do pai e já arrisca alguns acordes no violão. "Elá é muito esperta e já disse que é apaixonada por mim", suspira o cantor com ar de pai coruja enquanto mostra os vídeos da pequena no celular.