No próximo dia 24, o álbum Nevermind, segundo disco de estúdio da banda norte-americana Nirvana, completará 20 anos. Além de ter projetado o trio em escala mundial, o sucesso da bolacha, famosa pela sua capa, em que um bebê tenta pegar uma nota de um dólar dentro da piscina, permitiu a explosão do grunge, iniciado na cidade de Seattle.
No entanto, os críticos consideram o auto-intitulado álbum do projeto Temple of The Dog, que contava com integrantes de Pearl Jam e Soundgarden, como o marco zero do movimento. O gênero, um mix de punk, hard rock e indie, teve em Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, seu principal porta-voz. De uma hora para outra, o rock trocou as botas, os longos cabelos tingidos e as extravagantes vestimentas de couro pelas calças e tênis surradas, além, é claro, da camisa de flanela xadrez.
Com um público sedento por uma nova revolução musical e com a MTV ao lado, as músicas do Nevermind, destaque para a clássica “Smell Like Teen Spirit”, não paravam de tocar. Na época, o disco atingiu a incrível marca de 20 milhões de cópias vendidas. Um sucesso que extrapolou as expectativas da Geffen Records, que apostava numa tímida vendagem de 250 mil unidades. Faixas como “Come As You Are”, “Breed” e “Lithium” também estouraram nas rádios ao redor do planeta.
Na carona de Cobain e cia. vieram bandas como Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains e Stone Temple Pilots, que fizeram bastante sucesso na época. De todas, o Jam, de Eddie Vedder, foi o que chegou mais próximo da popularidade do Nirvana, graças ao álbum Ten, que traz ótimas músicas como "Even Flow", "Alive", "Black" e "Jeremy".
Infelizmente, o grunge, que ficou marcado por sua atmosfera mórbida e um certo ar de revolta, pagou caro com a morte precoce de Kurt Cobain. Deprimido, prejudicado pelo vício em heroína e cansado das pressões e exposição na mídia, o vocalista e ídolo-mor da geração 90 suicidou-se, provavelmente, no dia 05 de abril de 1994, com o um tiro de espingarda. O fato de o músico ter morrido aos 27 anos só reforçou seu status de lenda. Ele se juntou ao grupo formado por Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones e, mais recentemente, Amy Winehouse, que também passaram desta para melhor com a mesma idade.
Em 2002, Layne Staley, vocalista do Alice in Chains, também foi encontrado morto, vítima de uma overdose de cocaína e heroína. Coincidência ou não, Staley faleceu no mesmo dia 05 de abril. Mas desde a morte de Cobain, o movimento perdeu forças vertiginosamente, muito pelo fato de Eddie Vedder não ter se tornado o novo líder grunge que se esperava.
Por conta de sua abordagem melancólica e da imagem decadente de seus principais expoentes, as gravadores voltaram suas forças para um rock mais contagiante, como o som de bandas como Green Day e Offspring. Neste meio tempo, a maioria das bandas se dissolveu. No entanto, 20 anos depois da explosão de Nevermind, algumas estão de volta:
Nirvana - Com a morte de Kurt Cobain, o grupo encerrou suas atividades. Dos integrantes que restaram, apenas Dave Grohl sucumbiu à imagem do vocalista. Sua banda, o Foo Fighters, consolidou-se como um dos mais bem-sucedidos dos últimos 15 anos e seu som nada tem a ver com o grunge. Já o baixista Krist Novoselic partiu para o ativismo político. Em 2002, ele chegou a formar o Eyes Adrift, mas sem sucesso.
Pearl Jam - De todo o movimento, o Jam tem a carreira mais sólida. No entanto, a sonoridade foi mudando com o passar do tempo. Tanto que, hoje em dia, eles não podem ser classificados como grunges. Fã incondicional do The Who, Eddie Vedder e seu grupo fazem um rock alternativo com um pouco de peso. Ainda assim, lotam arenas pelo mundo todo e lançam discos regularmente.
Soundgarden - Liderada por Cris Cornell, disparado o melhor vocalista do movimento, a banda registrou álbuns célebres do estilo, como Badmotorfinger e Superunknown. Com a música “Black Hole Sun”, invadiram as paradas do mundo inteiro e ganharam intensa exposição na MTV.
Com o grunge agonizando, o grupo se separou em 1997. Em 2001, Cornell formou o supergrupo Audioslave, ao lado do baterista, baixista e guitarrista do Rage Against The Machine. Depois de dois discos e aclamação de público e crítica, o projeto chegou ao fim, em 2007. Três anos depois, para a alegria dos fãs, o Soundgarden reuniu-se novamente.
Alice in Chains - Outro peso-pesado do grunge, a banda de Layney Staley vendeu, até hoje, mais de 18 milhões de cópias em todo o mundo. O ponto alto da carreira se deu com o lançamento do aclamado disco Facelift, que traz o hit “Man In The Box”. O Alice in Chains era a que fazia o som mais pesado, lembrando em alguns momentos um típica grupo de metal.
Com os sérios problemas com as drogas e posterior morte de Staley, o grupo se dissolveu imediatamente. Mas quatro anos depois, agora com William DuVall nos vocais, voltaram à ativa e, desde então, estão na estrada. Em 2009, lançaram o álbum Black Gives Way to Blue.
Stone Temple Pilots - Apesar de alguns não considerarem o STP como grunge, o grupe faz parte da história do movimento. Tanto que, na época do lançamento de seu disco de estreia, Core, seu som era taxado de uma mistura de Pearl Jam com Alice in Chains. Eleita “Banda Revelação” pela MTV e ganhando cada vez mais fãs, devido ao sucesso de “Plush”, o Pilots era visto como uma das bandas mais promissoras do momento.
Nos álbuns seguintes, porém, eles reforçaram seu lado hard rock. Mais uma vez atormentado pelas drogas, por conta da dependência de seu vocalista e estrela, Scott Weiland, o Pilots seguiu com sua carreira aos trancos e barrancos. Até que, em 2003, anunciaram o fim das atividades. Aparentemente limpo, Weiland se juntou aos ex-Guns N’ Roses Slash, Duff McKagan e Matt Sorum para uma nova empreitada: o Velvet Revolver. Tal qual o Audioslave, registraram apenas dois discos e duraram pouco tempo.
Em 2008, o vocalista ressuscitou o Stone Temple Pilots ao lado dos irmãos DeLeo e Eric Kretz. Dois anos depois, passaram pelo Brasil com sua última turnê.