Eu prefiro as bundas moles As mulheres estão transformando a malemolência do rebolado em bundas rochosas de academia. Que graça tem apertar uma dessas? gplus
   

Eu prefiro as bundas moles

As mulheres estão transformando a malemolência do rebolado em bundas rochosas de academia. Que graça tem apertar uma dessas?

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Vou muito pouco à academia (somente em dias primos ou quando a minha avó mineira começa a recorrer à palavra “forte” para informar que estou gordo), mas sempre que eu pinto por lá, caro amigo, rapidamente entristeço-me graças à mesmíssima e inevitável constatação: as bundas femininas andam extremamente musculosas, transformaram-se em buzanfas “hulknianas”.

Da última e mais escondida esteira ergométrica, a seis quilômetros por hora, faço sempre questão de gritar: cadê o natural - e hipnótico – balanço que um dia já me fez cair daqui? O que vocês estão tentando fazer com malemolência? Remelexo, você ainda está vivo? Porém, ao invés de respostas ou de uma bunda à moda antiga para consolar minhas retinas perplexas, nádegas rochosas, nádegas rochosas, nádegas rochosas, somente. Tão rochosas que chamá-las de “bumbuns” me parece um erro grave, afinal, “bumbum” é uma palavra que só cai bem para bunda fofa. Não acha? 

Eu sei que preferência é algo extremamente particular e que existem homens que lambuzam a cueca quando apertam pandeiros com a mesma densidade de uma picanha congelada – se é que é possível apertar algo tão duro assim. Mas eu, Ricardo Coiro, prefiro a beleza de uma bunda mole (não confunda com “bunda-mole”), daquelas que parecem ter vida própria e um pacto comercial com a CET (já tomei muitas multas por causa delas). 

O que é que as bundas moles têm de tão especial? Elas nunca me dão a sensação de estar batendo o quadril contra a traseira sólida do Arnold Schwarzenegger. Não só isso: um tapa caprichado costuma desencadear nelas uma onda que, no quesito perfeição, supera até mesmo as cobiçadas (pelos surfistas, não por mim) ondas de Mentawai. Já viu uma onda dessas? É uma onda capaz de deixar qualquer mortal alucinado. Mais um argumento a favor da bunda mole? Ela funciona como um eficiente amortecedor na hora “H”, transformando colisões em pousos suaves, aconchegantes. 

“Mas as bundas moles comumente têm celulites, Ricardo!”, afirmará o cara cuja piroca vive a murchar por causa de calcinhas beges e de pelos pubianos, tentando me fazer desistir desse meu fascínio pelos pandeiros que têm um balanço especial e que não precisaram de suplementação para alcançar tamanha graça. Respondo: as celulites não tiram a naturalidade do corpo da mulher, pelo contrário, apenas a reforçam. Já os músculos em demasia, irmão, deixam a bunda da mulher tão natural quanto suco em pó.


Ricardo Coiro