Não é raro ouvirmos em algum bate papo sobre cinema alguém dizer a plenos pulmões: “cinema brasileiro não presta!”. A frase nem sempre é uma crítica lúcida, muitas vezes é lançada por falta de conhecimento de quem esbraveja sobre as produções nacionais.
O mercado cinematográfico de nosso país, que já vinha se desenvolvendo desde o início do Século 20, deu um salto considerável na década de 1960 com o chamado “Cinema Novo”, em que alguns filmes ganharam mais destaque, caso de “O Pagador de Promessas”.
LEIA TAMBÉM
Foi durante a década de 1990 e início dos anos 2000 que foram lançados clássicos de nosso cinema, como “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”. Ambos tiveram indicações ao Oscar em mais de uma categoria, em 1999 e 2004, respectivamente.
E se é do seu interesse consumir obras fora do espectro hollywoodiano e quer se aventurar nas produções brasileiras, então prepare a pipoca para contemplar verdadeiras obras de arte. Tem filme para todos os gostos!
CENTRAL DO BRASIL
O filme dirigido por Walter Salles foi lançado nos cinemas brasileiros em 1998. O enredo conta a história de Dora (Fernanda Montenegro), uma ex-professora que ganha a vida escrevendo cartas que são ditadas por seus clientes analfabetos, mas ela recebe o dinheiro e não posta essas cartas. Sua jornada começa a mudar quando Josué (Vinícius de Oliveira), um menino de 9 anos e filho de uma de suas clientes, perde a mãe em um acidente.
Dora, mesmo que relutante de início, se une ao menino para procurar pelo pai da criança, figura que ele jamais encontrou. A obra permitiu a Fernanda Montenegro concorrer ao Oscar de Melhor Atriz em 1999, além da indicação pela Academia para Melhor Filme Estrangeiro.
CIDADE DE DEUS
Buscapé (Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre e negro que cresce em um ambiente de muita violência, na Cidade de Deus, uma das maiores favelas cariocas. Buscapé enxerga na fotografia a oportunidade de não entrar para o mundo do crime e faz disso sua carreira, enquanto registra momentos de um lugar onde a violência parece não ter fim.
A película dirigida por Fernando Meirelles e Kátia Lund foi lançada em 2002 e concorreu ao Oscar de 2004 em quatro categorias: Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani), Melhor Fotografia (César Charlone) e Melhor Edição (Daniel Rezende).
TROPA DE ELITE
Em 1997, o Papa João Paulo II irá visitar o Rio de Janeiro e precisará de um forte esquema de segurança, tarefa que o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) deve cumprir. À beira de uma crise de estresse, o Capitão Nascimento (Wagner Moura) procura um sucessor para seu cargo no batalhão, mas o que era para ser uma situação comum, se torna ainda mais difícil quando há uma luta contra o tráfico e a corrupção dentro da própria polícia fica evidente.
José Padilha foi o responsável por dirigir o filme foi lançado em 2007, em uma adaptação do livro “Elite da Tropa”. A produção brasileira venceu o principal prêmio (Urso de Ouro) no Festival de Cinema de Berlim, em 2008.
O AUTO DA COMPADECIDA
O filme de 2000, coordenado por Guel Arraes, é uma adaptação da obra literária homônima de 1955, de Ariano Suassuna. A produção cinematográfica conta a história de João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello), dois nordestinos pobres que dão golpes para sobreviver.
Em meio a situações embaraçosas e resolvidas com maestria por João Grilo, os dois levam a vida de forma bem-humorada. Os dois enganam até de Severino (Marco Nanini), temido cangaceiro da região. Para mudar as duas figuras, só mesmo Nossa Senhora Aparecida.
QUE HORAS ELA VOLTA?
Val (Regina Casé) é uma pernambucana que se muda para São Paulo com a intenção de dar uma melhor condição de vida para Jéssica (Camila Márdila), sua filha. A mãe, que trabalha e mora na casa dos patrões, recebe anos depois a ligação de sua cria, que agora quer ir para São Paulo prestar um vestibular.
De início, a família para quem Val trabalha recebe bem Jéssica, mas depois a situação se complica após alguns comportamentos da jovem. Escrito e dirigido por Anna Muylaert, o drama chegou aos cinemas em 2015 e posteriormente ganhou diversos prêmios, como os 7 troféus no Grande Prêmio Cinema Brasil (entre eles Melhor Longa de Ficção, Melhor Direção e Melhor Atriz).
TROPA DE ELITE 2
Continuação de “Tropa de Elite” e dirigida por José Padilha, a sequência lançada em 2010 tem no enredo um novo inimigo para o Capitão Nascimento. Antes adversário dos traficantes, agora o militar precisa lutar contra o sistema, a corrupção de políticos que têm ampla ligação com o tráfico de drogas.
Nascimento resolve bater de frente com as figuras do crime, mas entende que as milícias são maiores e mais poderosas do que havia imaginado. Ao mesmo tempo em que precisa lidar com essa situação complexa, se preocupa com o filho em crescimento e com o fim de sua vida conjugal.
O PAGADOR DE PROMESSAS
O drama de 1962, dirigido por Anselmo Duarte, conta a história de Zé do Burro (Leonardo Villar), um nordestino que faz promessas após seu burro de estimação ser atingido por um raio. Com a melhora do animal, Zé então começa a pagar uma de suas promessas, em que carregará uma cruz nas costas até Salvador, capital baiana. Mas devido a diversos acontecimentos, sua caminhada e o desfecho são mais difíceis do que ele mesmo pôde imaginar.
A película brasileira é, até os dias atuais, o único filme brasileiro a ter vencido a Palma de Ouro do Festival de Cannes, um dos mais importantes prêmios cinematográficos do mundo. A produção nacional também foi indicada ao Oscar de 1963 na categoria Melhor Filme Estrangeiro.
CARANDIRU
O filme de 2003 é uma adaptação do livro “Estação Carandiru”, obra de Drauzio Varella publicada em 1999. A produção audiovisual mostra o trabalho humanitário de um médico brasileiro no presídio Carandiru. Ele presta serviço para a prevenção do vírus HIV e presencia a situação degradante dentro da penitenciária, além da precarização dos serviços que são prestados.
Dentro da cadeia, o médico percebe humanidade em alguns presos, que têm sonhos e muita vontade de viver.
Héctor Babenco foi o responsável por dirigir o filme, que foi indicado ao Festival de Cannes de 2003.
BICHO DE SETE CABEÇAS
Seu Wilson (Othon Bastos) e o filho Neto (Rodrigo Santoro) possuem uma relação extremamente difícil, conflituosa. Diante disso, Seu Wilson resolve internar o filho em um manicômio, lugar onde Neto passará por experiências terríveis durante o tratamento.
Obra de 2001, o filme foi dirigido por Laís Bodanzky e venceu 7 categorias no Grande Prêmio Cinema Brasil, além de outras vitórias internacionais.
O MENINO E O MUNDO
A animação mostra a história de um menino que mora com os pais no campo. Após o patriarca ir para a cidade em busca de uma vida melhor, a criança parte rumo a um novo mundo em que o pai está inserido, e descobre as mazelas desse lugar, com pobreza e falta de grandes perspectivas.
O filme de 2013 foi dirigido por Alê Abreu e indicado ao Oscar de 2016 na categoria de Melhor Animação.
Sobre Rudiney Freitas
Apaixonado por livros, esportes, cinema, música, a vida e seus passageiros. No mundo do jornalismo porque gosta de se comunicar, até por sinal de fumaça.
[+] Artigos de Rudiney Freitas
Apaixonado por livros, esportes, cinema, música, a vida e seus passageiros. No mundo do jornalismo porque gosta de se comunicar, até por sinal de fumaça.
[+] Artigos de Rudiney Freitas
