Já se foram quase 15 anos (acredite se quiser) desde a morte de um dos músicos mais influentes do século passado. O 'beatle quieto', como foi apelidado pelos fãs, George Harrison era o mais novo dos quatro e também foi o que mais mudou sua personalidade ao longo dos anos.
Autor de Something, a maior canção de amor da história, palavras de Frank Sinatra, Harrison era fã de Fórmula 1, amigo de Emerson Fittipaldi e foi também o primeiro beatle a visitar o Brasil. Casado com a bela Pattie Boyd, modelo que conheceu na época em que gravava com John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr o filme A Hard Day’s Night, Harrison perdeu seu amor para o melhor amigo (isso mesmo), o ex-Cream Eric Clapton, que afirmou estar perdidamente apaixonado pela garota. Entretanto, o guitarrista mostrou mais uma vez seu lado espiritual e perdoou Clapton. Estes fatos demonstram que George não teve uma vida tão pacata assim.
Mesmo após 40 anos do término dos Beatles, muitos ainda afirmam categoricamente que George foi renegado pela dupla Lennon e McCartney, que principalmente nos últimos anos da banda, rejeitou a maioria de suas composições.
O sonho acabou
Após o fim do conjunto, anunciado oficialmente por Paul McCartney no dia 10 de abril de 1970, George embarcou em carreira solo, fato que mudaria sua vida dali em diante. Cansado de viver na luz dos holofotes que cercavam os quatro beatles, o guitarrista decidiu se isolar e gravar seu primeiro disco, para muitos o melhor trabalho solo de um ex-beatle. O LP triplo All Things Must Pass mostra ao mundo que John Lennon e Paul McCartney estavam errados quando não deram atenção para as músicas sugeridas por Harrison.
Para a gravação do álbum, George convidou amigos de longa data e claro, um de seus companheiros nos Beatles. Participaram das sessões o guitarrista Eric Clapton, Ringo Starr, Bob Dylan, o tecladista Billy Preston, Peter Frampton, além de membros da banda Badfinger e Phil Collins.
Primeiro lugar nas paradas dos Estados Unidos e presente na lista dos 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame, o All Things Must Pass revela um George algumas vezes introspectivo e conectado diretamente com a espiritualidade, o que pode ser constatado pelo rock gospel My Sweet Lord, primeiro single do disco e inspirado nos famosos mantras indianos.
Listas sempre causam discórdia, principalmente entre os fãs, em todo o caso o AreaH preparou um top com composições de Harrison que deveriam tem feito parte de algum dos discos lançados pelos Fab Four.
5ª – What is Life – Escrita em 1969, ela é a primeira canção do lado dois do LP All Things Must Pass. Tida como uma das melhores composições de Harrison, a música traz uma guitarra agressiva, metais e uma voz doce de George. Co-produzida por Phil Spector, What is Life conta com a colaboração de Eric Clapton (guitarras) e Bob Keys (saxofone).
4ª – I'd Have You Anytime - Uma das mais belas canções de amor de sua carreira, ela foi composta em parceria com Bob Dylan. Participam da faixa, escrita ainda em 1968, durante viagem de George aos Estados Unidos, Jeff Lyne e Tom Petty.
3ª – Beware of Darkness – Abrindo o lado três do All Things Must Pass, este é mais um grande sucesso de sua carreira. A canção foi executada ao vivo no famoso Concert for Bangladesh, organizado pelo próprio Harrison em 1971, e que reuniu nomes como Bob Dylan, Ravi Shankar e Leon Russel.
2ª – Isn't it a Pitty – Apesar de ter sido escrita em 1966, à canção descreve com perfeição o que significava o fim dos Beatles para os fãs. Isn't it a Pitty (Não é uma Droga? Em tradução livre para o português) traz Klaus Voormann, que tocou com George, John e Paul antes da formação dos Beatles, Billy Preston e Ringo Starr. Ao ser rejeitada por John Lennon, George chegou a pensar em oferecê-la ao cantor Frank Sinatra. Além disso, a música conta com os famosos 'Na's' de Hey Jude, seria uma mensagem oculta a Paul McCartney?
1ª – All Things Must Pass – Mais uma das 'sobras' das sessões de gravação de George com os Beatles, esta é tida como uma das melhores músicas já feitas por um Beatle. Com uma bela harmonia, fruto da produção de Phil Spector e letra forte, ela descreve bem o momento vivido por Harrison durante os turbulentos anos de 1968 e 1969. Recentemente a canção integrou o repertório da turnê de Paul McCartney pela Europa, uma forma de homenagear o amigo, como o mesmo admitiu.
My Sweet George
Vítima de câncer, George Harrison faleceu em 29 de novembro de 2001, aos 58 anos, deixando sua esposa Olivia, com quem foi casado por 23 anos e seu único filho, Dhani. Um ano após sua morte foi realizado o Concert for George, show organizado por sua mulher, filho e o amigo Eric Clapton. Participaram da homenagem alguns dos principais nomes da música e da vida de George, dentre eles Paul McCartney, Billy Preston, Jeff Lyne, Ringo Starr, Tom Petty e Ravi Shankar.