Seus pais podem ter alertado: “onde se ganha o pão não se come a carne”. Mas isso porque com certeza nunca ouviram falar de Tommy Mottola.
Tá certo, você provavelmente também não. No entanto, sem este sessentão, Jennifer Lopez ainda estaria cantando em espanhol, Shakira permaneceria morena e milhões de adolescentes jamais teriam transado no banco de trás do carro ao som de Hall & Oates nos anos 80.
Prestes a publicar um livro com suas memórias, o ex-diretor da Sony Music Entertainment concedeu uma entrevista nada ortodoxa à revista norte-americana Details. Figura temida e respeitada na indústria da música e do entretenimento, o caça talentos finalmente decidiu botar a boca no trombone, depois de 45 de labuta.
Além de revelar detalhes sobre sua relação com a ex Mariah Carey e o rei do pop Michael Jackson, Mottola não pestanejou na hora de por “o dedo na ferida” do ramo que foi seu ganha pão por quase toda a vida. “A indústria da música está enfraquecida, mas a música não está enfraquecida. O futuro da música está mais vivo do que nunca”, garante o ex-chefão.
Quando finalmente assumiu seu caso com Carey nos anos 90, amigos, confidentes e até o psiquiatra de Tommy o aconselharam a não fazer isso. “Eles me perguntavam: ‘você está ficando louco?’ A começar pela diferença de idade, sua educação, e principalmente o fato de ela ser uma artista sob meus cuidados. Foi errado e inadequado; até certo ponto, foi delirante”, avalia Mottola, hoje casado com a cantora mexicana Thalia.
Apesar das inúmeras críticas que recebeu de estrelas que o hitmaker “fez acontecer” na sua época de ouro, seu “ombro amigo” era onde inúmeras delas buscavam conforto.
“Parecia até um trote. Ouvia aquela voz suave em falsete, dizendo ‘Mottola, aqui é o Michael’. Aí você pensa que um de seus amigos está te pregando uma peça. Dava pra sacar que era ele apenas pelas palavras. Ele perguntava coisas como:’Vamos mesmo fazer isso? Vamos manter o sonho vivo? Vamos mesmo vender 100 milhões de discos?’ ‘Sim, Michael, claro que vamos vender 100 milhões de discos. Mas primeiro você precisa terminar o álbum’. “Ok”. Bum! A ligação se resumia só nisso mesmo”, abriu Tommy à revista.
Ao ser acusado de manter ligações mafiosas, o executivo apenas enfatizou que seu único propósito sempre foi desenvolver sua arte, e que nada iria impedí-lo de fazer isso. “Não sei a porcentagem, mas vamos colocar as coisas assim: acertei mais do que errei”, conclui o big boss.