Mesmo os mais modernos designs de yachts remetem a uma forma tradicional do barco, ligada à necessidade locomoção rápida na água. E foi justamente abrindo mão da ideia de que todo yacht precisa ser um meio de transporte que a BMT Nigel Gee, em parceria com a Yacht Island Design, criou o Utopia, um barco com cara de prédio.
James Roy, diretor de design de yachts da empresa, explica que a origem de Utopia foi o briefing de um cliente que pedia ‘um imóvel flutuante que pudesse ser movido entre boas locações’: “Eu me lembro claramente de um momento de excitação quando o time de design percebeu que o projeto não precisaria ter que a aparência de um yacht tradicional.”
A equipe não pode fugir muito das formas tradicionais, pois o projeto envolvia a necessidade de viajar com rapidez, “ainda assim, a semente para criar um projeto fora dos padrões de proporção e forma tinha sido semeada e nos anos seguintes nós nos inspiramos em todas as áreas de arquitetura naval. Concluímos que, se removêssemos a ideia de que um yacht precisa ser um meio de transporte, o desenvolvimento criativo poderia se abrir consideravelmente.”
Utopia
Medindo 100m de largura e comprimento, Utopia é realmente um imóvel flutuante.
O design é baseado numa plataforma com quatro pernas, empregando os mesmos princípios de qualquer design de área de flutuação para movimentos mínimos mesmo nas mais extremas condições do mar. Cada perna suporta um propulsor azimutal e com as quatro unidades, o projeto pode se deslocar, em baixa velocidade, entre diferentes pontos.
Uma grande estrutura central corta a superfície da água agindo como canal para o sistema de ancoragem, fundamental elemento do projeto, bem como abrigando uma doca para acesso através de embarcações menores.
As principais acomodações e áreas de serviço estão divididas em 11 decks e o pavimento mais alto é coberto por uma abóboda retrátil. No ‘13º andar’, onde os ocupantes estão 65m acima da superfície do mar, há um observatório com vista de 360°.
“Utopia não é um objeto no qual viajar, é um lugar para se estar”, define Roy. “Nós vemos maior aplicação em resorts e casinos flutuantes, ou adaptando o nome yacht para ilha pessoal, voltando ao briefing que inspirou o projeto: um imóvel flutuante.”